terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Os outros....

Andando eu entretida a navegar pelos Blogs que me iam aparecendo na calha, eis que me deparo com um que, logo no início, me despertou a atenção:

http://ambio.blogspot.com/2009/12/o-elogio-da-ignorancia-ii.html
verdadeiramente genial esta apreciação (e para mim tão actual em relação a algumas pessoas que conheço...) sobre o que escrevemos, como escrevemos, como interpretamos o que os outros escrevem e...sobretudo...como interpretamos a realidade.

Não resisto a transcrever este pedaço "Confesso que fiquei fascinado com a inteligência desta opção: não só não temos de nos preocupar com a realidade para pensarmos de determinada maneira, como estamos sempre cheios de razão porque se não estivermos é porque os outros estão comprados e nos querem manipular.É uma maneira desarmantemente simples de lidar com problemas complexos."
Fabulosa esta constatação de Henrique Pereira dos Santos.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Um NOVO ANO está a chegar...
















Mais um ano se passou…


Ano de alegrias,
Ano de tristezas,
Ano de aprender algo,
Ano de perder,
Ano de ganhar…

A todos os meus amigos (aos verdadeiros amigos)
A todos os que partilharam comigo as suas (e minhas) alegrias e tristezas,
Vitórias e derrotas,

A todos nós…
Espero, e desejo, que 2010 seja um BOM ANO!
Que nos traga tudo de bom:


Saúde!
Alegria!
Perseverança!

Coragem!
Humor!


E, não nos devemos esquecer de uma coisa muito importante:


SEMPRE QUE DEUS NOS FECHA UMA PORTA, ABRE-NOS UMA JANELA!
Por isso…


Sejam felizes!


http://www.youtube.com/watch?v=dbWTLvnVEfw&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=6jqgxIkVwhU&feature=related


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL














Com dois verdadeiros pinheirinhos de Natal (até a neve é verdadeira...), em Sanabria.

FELIZ NATAL para todos!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Verdade, verdadinha...

Não é tanto assim, essa história dos sorrisos... a minha querida amiga é uma exagerada...
Verdade, verdadinha é que ela não queria mesmo sair do quentinho do carro... Ah! e a história dos seus sapatos de jovem executiva...
Mas também, na verdade, quando se fica presa na neve o melhor mesmo é esticar as pernas, apreciar a paisagem (e logo eu, que detesto o frio, não aprecio a neve...é castigo! Só pode!) e claro, trocar ideias e experiências com o pessoal que já está habituado a estas andanças...

Pior, pior, foi perceber a diferença entre as estradas portuguesas e as espanholas!
Nós, neva durante 2 horas e ficamos todos bloqueados (hoje, quando vi o noticiário das 13h senti uma verdadeira solidariedade...lá estava a IP4, de novo, parada! Agora já sei o isso significa!); Eles neva dias a fio, abundantemente, e as estradas continuam transitáveis...será dos limpa neves? (nas estradas deles vi vários, nas nossas, apenas unzinho...) será do tipo de betuminoso? Este é um mistério que teremos de desvendar...

Claro que para isso teremos de nos fazer, de novo, à estrada e entrar em diálogo com o pessoal, para colher ideias e opiniões…

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A bem da verdade... (parte II)

... e lá vamos nós !

Todos satisfeitos...
A lírio... porque o sorriso continua a fazer efeito (sou testemunha) !!!
O camionista... porque cumpriu a sua função genética, predestinado a ajudar "A" próxima... (e ainda recebeu um "xau, xau" acenado no ar...)
Eu, quentinha, confortável... a assistir (estou a ficar velha ou só cansada ?... cansada, claro)
O "TomTom" porque finalmente... lhe demos razão (até lhe pedimos desculpa, com umas festinhas no ecran) e voltamos ao percurso que ele nos sugeriu... (8 horas depois... mas, voltamos)
A GNR, porque devem ter feito umas belas horas extra, desenrolando a confusão armada no IP4 (muito por culpa da descoordenação entre as várias equipas)... para as quais contribuímos...

A única verdadeiramente descontente... era a limusina...
Ninguém deu a devida atenção ao bambolear da sua traseira, sempre que a neve lhe incomodava os pneus...
Ninguém a preparou para a camada pegajosa que a neve, e as temperaturas negativas, deixaram no seu metalizado... Tadinha !!!

Resumindo...
Seguimos caminho entre os 10 e os 50 km hora... por estradas de Espanha... tinhamos hora prevista de chegada às 12:00 (se tivessemos respeitado o "TomTom"... verdade) chegamos às 20:00... (bem feita...)
Estimulamos a nossa paciência, praticamos o nosso sentido de humor, apreciamos uma paisagem lindissima, conhecemos os verdadeiros pinheiros de Natal (com neve, mesmo, mesmo real... nada de latas de spray compradas na loja dos chineses), chegamos bem... e encontramos um hotel simpático e quentinho à nossa espera (vamos esquecer a comida, ok ??? é outra longa história...)

Valeu...

A bem da verdade... (parte I)

As meninas... deste lado do sol posto decidiram fazer-se à estrada...

A desculpa era um suposto congresso na terra de "buédelonge", mas a verdade, verdadinha... é que estavamos a precisar de mudar de ares, fazer umas comprinhas de Natal e (asssumidamente) passar um bocadinho juntas... (que as fofocas contadas ao telefone, não fazem o mesmo sentido...)

Colocamos armas e bagagens na limusina... e confiamos o destino nas mãos do "TomTom"
Confiar o destino ? assim ? de ânimo leve ? funcionaria... se não fossemos nós...

Passados 100 km já estavamos a duvidar do destino que nos foi traçado... e mesmo sem olhar uma única vez (nem uma vezinha) para o mapa, achamos uma boa ideia entrar no IP4, a caminho de Bragança, num dia que se previa de neve e gelo... como se neste lado do sol posto não se assistisse a noticias, nem se soubesse que este Itinerário Principal é propício a cortes, demoras, etc, etc... sob estas condições climatéricas...
Adiante...
Lá vamos nós... ouvindo a RFM (que se sintoniza quase até à Cantábria... Thank you, RFM)...
Blá, blá: "Isto está muito giro... que bom, neve"...
Split, splat... a limusina ao ouvir isto começa a patinar, a bambolear a sua nobre traseira, como que a lembrar que é uma viatura da melhor estirpe alentejana... e recusa-se a subir a primeira elevação que lhe aparece coberta de neve (com uns miséros 6º de inclinação).
Imagine-se o desplante...
Paradas no meio do IP4, em plena subida (como convem)... heis que chegam alguns solidários (não sei se connosco, se com a limusina) que param para fazer companhia...
Claro que eu... com o meu melhor sapatinho de salto alto (a bem da verdade, os únicos que tenho) não vejo motivo, sequer, para abrir a porta, confio na assistência em viagem... belisco umas bolachinhas e preparo-me para esperar...
Em desespero de causa... a minha companheira de viagem... que não é dada a grandes confianças na providência alheia... abre a porta da limusina, pega num chapéu de chuva... e começa a pontapear e a espancar, literalmente, a neve que demonstra o atrevimento de se colocar debaixo das rodas da limusina, impedindo-a de seguir caminho...
Partido o chapéu, gelados os sapatos... a neve continuou irredutível: "daqui não saio, daqui ninguém me tira"...
Continuar a esperar ? foi a minha opção... que continuava impávida e serena, sentadinha no meu banquinho... mas, a lírio não estava, decididamente, para aí virada...
Coloca a mão na anca (sem chapeú e de pés gelados) e saca do seu melhor sorriso....
Resumindo...
Surge no horizonte nevado um cavaleiro andante, que na falta de melhor conduz um camião de tijolos (que esperavam ?... já todos sabemos que os cavaleiros... já não são o que eram, tem que ganhar a vida) saca de uma chapa de ferro e execita os nobres musculos arrastando a neve do nosso caminho...
Diante de um cenário novelesco... com o sorriso da lírio a fazer efeito (acho que lhe congelou entre as bochechas, mas ninguém percebeu, ou ainda estavamos à espera...) chegaram os GNR que, estimulados pela eficiência do nosso cavaleiro andante, empurraram a limusina... colina acima !!!

E lá vamos nós...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Presas na neve...Parte I































































Pois é... não há nada como verificar, in loco, as delícias de se ficar presa no IP4...
Não há limpa-neves, apenas as equipas da Protecção Civil e da GNR que, com a ajuda de jipes tentaram rebocar (e desbloquear) carros ligeiros e camiões que ficaram presos na neve (e no gelo)!
Mas não foi tudo…
Depois de algumas horas paradas, entretidas a tentar tirar a neve das rodas e da frente do nosso carro para ver se ele conseguia começar, de novo, a subir, vieram os GNR empurrar-nos e, a muito custo, lá conseguimos recomeçar a lenta subida.
Mas, a saga ainda não tinha acabado pois uns quilómetros mais à frente estavam os bombeiros, não a empurrar mais carros, mas simplesmente a dizer que a estrada estava cortada e que teríamos de inverter a marcha…
Pois é… lá voltamos para trás…passámos outra vez pelas equipas da Protecção Civil e da GNR que continuavam entretidas a empurrar e a rebocar carros encosta acima e, lá parámos
(parar! É uma aventura tentar parar um carro que apesar de ir a 10km/h não trava com o gelo…) para avisar os coitados que não valia a pena o esforço uma vez que os bombeiros estavam a mandar o pessoal todo para trás…
Enfim… Portugal no seu melhor!

sábado, 12 de dezembro de 2009

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

NATAL...

Um dos meus poemas preferidos desta época..

História Antiga

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.

Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

(Miguel Torga)

e das músicas...
http://www.youtube.com/watch?v=SsTJU27a1uc&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=2uYrmYXsujI&feature=related

NATAL...

... e, nesta cantinho, estamos a preparar a chegada do Natal.
Modesto, mas em familia... com direito a menino Jesus nas palhinhas.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

NATAL

A Batalha de Natal
— Só mais seis dias — disse Neli.
Enquanto a filha tentava assobiar Noite Feliz, a mãe repetiu, pensativa, numa voz que não soava alegre:
— Ainda seis dias.
Após uma curta pausa, prosseguiu, suspirando:
— Se tudo já tivesse passado!
Com o assobio suspenso no ar, Neli olhou para a mãe com ar estupefacto:
— Não estás contente?
— Claro que sim, mas já estou pelos cabelos com esta agitação toda!
Como Neli não tinha aulas à tarde, foi patinar com uma amiga. Ao cair da noite, dirigiu-se ao supermercado onde a mãe trabalhava. Havia tanto movimento que o lugar mais parecia uma colmeia. A mãe estava sentada numa cadeira giratória, diante de uma das seis caixas registadoras. Os produtos chegavam-lhe num tapete rolante. Enquanto a mão direita marcava os números no teclado, a mão esquerda rodava as embalagens para que a máquina pudesse ler os códigos. Finda a operação, os produtos eram colocados, um a um, no carrinho de compras. Quando acabava de marcar tudo, a mão direita carregava na tecla do total e rasgava o talão, enquanto a esquerda afastava o carro cheio e puxava o próximo, vazio, para junto dela.
— Que bem fazes isso — dissera-lhe Neli uma vez. — Eu faria tudo devagar e, ainda por cima, metade saía mal.
— Ora — dissera a mãe a rir. — É uma questão de treino. Quando comecei, também não era assim tão despachada. Não encontrava a etiqueta com o preço e, muitas vezes, carregava nas teclas erradas. Como tinham de esperar, as pessoas resmungavam. Agora já quase consigo fazer isto automaticamente.
— Como um robô! — Neli riu-se.
E se tivesse um robô como mãe? Nunca teria dores de cabeça, nem à noite estaria tão cansada. Mas um robô não tem coração e, por isso, Neli preferia a mãe tal como era, mesmo quando, em certas noites, quase nem conseguia falar de tão cansada!
Só mais quatro dias.
Só mais três.
As filas nas caixas eram cada vez mais longas. As pessoas abasteciam-se de comida como se o Natal durasse meio ano. Com um ruído sibilante, as portas automáticas abriam e fechavam, abriam e fechavam. A mãe sentia nas costas a corrente de ar e os cartões pendurados no tecto balançavam de um lado para o outro.
Um sino de Natal, por cima da cabeça da mãe, tinha escrito a vermelho:
PROMOÇÃO: Bombons, 250 gr, a preço especial.
Perto dele balançava um anjo de papel com uma faixa nas mãos, como nas igrejas, mas onde não estava escrito Paz na terra aos homens de boa vontade, mas sim Fiambre para o Natal a 15,80€/kg.
Os altifalantes debitavam música de Natal:
Noite feliz…
Cabeça de anho Noite feliz…
Descafeinado
Papel higiénico de três folhas
O Senhor…
Lenços com monograma
Mostarda
Nasceu em Belém…
A mãe suspirava e, com um movimento rápido, limpava o suor do lábio com as costas da mão. Os clientes, impacientes, esperavam, apoiando-se ora numa, ora na outra perna. De olhar ausente, nem olhavam para a senhora da caixa, pensando apenas no regresso a casa com os sacos pesados e o eléctrico cheio.
Ufa!
Só mais três dias, e acabaria tudo.
— Vou fazer um jantar como o do ano passado — disse a mãe, à noite, virando-se para Neli. — Patê em folhas de alface, porco assado, batatas fritas, feijão e, para sobremesa, creme de chocolate de lata com peras.
No dia 24 de Dezembro, a loja só estava aberta até às quatro horas da tarde. Em seguida, os empregados podiam comprar, com um desconto de 15%, os produtos que tinham sobrado. A mãe de Neli achava que valia a pena e, por isso, tinha guardado as compras maiores para essa altura: uma pasta escolar para Neli, uma boneca, lápis de cor, um anoraque para o pai, e a comida para a ceia de Natal.Na sala do pessoal, houve um lanche para todos os empregados.
— A batalha de Natal foi mais uma vez vencida — alegrou-se o chefe do pessoal, que proferiu mais umas palavras elogiosas.
Depois foram servidos pãezinhos com fiambre e um copo de vinho a cada um.
Após o lanche, a mãe de Neli deixou ficar os gordos sacos de compras esquecidos na sala do pessoal. Só reparou quando já estava na paragem do autocarro.
“As minhas prendas! Todas aquelas coisas boas para a ceia!”, pensou assustada.
Mas a loja já estava fechada e, antes do dia 27, não voltava a abrir. Chegou a casa de mãos vazias.
Nessa noite, apesar de tudo, festejaram o Natal. O pai acendeu as velas da árvore de Natal e Neli recitou um poema. Só se lembrou das duas primeiras estrofes e depois encravou, mas a mãe achou-o muito bonito e o pai nem reparou que ainda continuava. O jantar foi mais curto do que o planeado. Por sorte, a mãe já tinha comprado o assado e havia batatas em casa, mas não houve entrada nem sobremesa. Trincaram nozes e comeram maçãs.
— Assim, não fico com o estômago tão pesado como no ano passado — disse o pai. — Comidas pesadas não me caem bem.
Também não havia muito que desembrulhar.Por isso, sobrou tempo. Muito tempo.
Neli foi buscar o jogo “Memory” que recebera no Natal anterior. Durante o ano inteiro, esperara, em vão, todos os domingos, que alguém tivesse tempo para jogar com ela.
Agora, os pais tinham tempo.O pai nunca tinha jogado “Memory”. Ao fim de algum tempo, Neli já tinha encontrado sete pares de cartas, a mãe três, e o pai, que geralmente queria ganhar sempre, procurava constantemente no sítio errado.
Tentava alguns truques, pondo, sem ninguém dar conta, migalhinhas de pão em cima das cartas que tinha decorado, ou pousava as mãos na mesa, de forma a que o polegar indicasse a direcção em que estava uma determinada carta. Mas Neli descobriu-lhe a jogada. Jogaram mais duas ou três vezes e o pai não se zangou por perder sempre. Depois, ainda jogaram o jogo do assalto.
À meia-noite, o pai apagou a luz e ficaram a olhar pela janela. A neve reflectia uma luz clara e ouviam-se os sinos a tocar.
— A esta hora, há quase dois mil anos, nasceu Jesus — disse a mãe, e Neli reparou que, afinal, a mãe estava contente por ser Natal.
Ao ir para a cama, Neli disse:
— Este foi um Natal muito bonito.
— A sério? — perguntou a mãe, admirada.
— Mas não houve ceia nem prendas quase nenhumas.
— Mas houve muito tempo — respondeu Neli.
Jutta Modler (org.)
Brücken BauenWien,
Herder, 1987(Tradução e adaptação)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009