quarta-feira, 26 de maio de 2010

Amigos...























A morte de um ser humano deve ser, sempre, motivo de tristeza.
A morte de um amigo, na flor da idade, cheio de projectos para o futuro...é uma perda irreparável.
Ontem morreu um amigo nosso...
Todas as palavras que possamos dizer são pouco expressivas, pouco qualificativas para o descrever (e não é por estar agora morto...)
Devemo-lhes, as duas, muitos conselhos, muitas horas de trabalho (em que deixou o seu para ajudar no nosso...), muitas horas de alegre e salutar convívio...
Diz a tradição popular que Deus chama os que mais ama...neste caso, acho que é verdade.
Adeus amigo, até um dia...
Sit tibi terra levis

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Histórias antigas...

Esta é uma das que me lembro de me contarem em pequena...

Os dez anõezinhos da Tia Verde-Água
Era uma vez uma rapariga casada que se dava muito mal com o marido porque tudo na casa estava sempre desarrumado e, por mais que ela cirandasse de um lado para o outro, parecia que o tempo nunca lhe chegava para nada!


Lá em casa, a vida começou mesmo a ser insuportável, com o marido sempre a queixar-se e até a ralhar-lhe a todo o instante, e ela a andar cada vez mais triste, sem saber o que fazer à vida.

Tinha, ao lado, uma vizinha que era já velhota, mas muito simpática. Havia quem dissesse que as Fadas eram amigas dela e a ajudavam quando ela mais precisava. Chamavam-lhe a Tia Verde-Água.

Um dia foi bater-lhe à porta, e disse-lhe:

− Ai, Tia! Vossemecê é que me podia valer nesta aflição.

− Pois sim, filha! Eu tenho dez anõezinhos muito habilidosos, e mando-tos para tua casa para te ajudarem.

E a velhota explicou‑lhe o que devia fazer para os anõezinhos a ajudarem melhor: pela manhã, quando se levantasse, fizesse a cama e acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa, passasse a roupa, preparasse o que havia de cozinhar para o jantar... pois assim havia de ver como em tudo ela havia de ser muito ajudada pelos anõezinhos, sem o sentir...

A rapariga assim fez e, se bem o cumpriu, melhor lhe saiu: o marido passou a andar muito contente e ela cada vez mais feliz. A casa, essa então nem parecia a mesma, tão arrumadinha! Resolveu um dia ir agradecer à sua vizinha:

− Ai, Tia Verde-Água, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição! Agora a casa está muito arranjada, e nós estamos muito felizes. O que eu lhe pedia ainda é que mos deixasse lá ficar.

A velhinha respondeu-lhe:

− Deixo, deixo. Pois tu não viste os dez anõezinhos?

− Ainda não. O que eu mais queria era vê-los.

− Não sejas tola! Se os quiseres ver, olha para as tuas mãos. Os teus dedos é que são os dez anõezinhos!

Quando a Tia Verde-Água lhe disse isto, a rapariga percebeu o que lhe estava a acontecer, agradeceu muito à Tia Verde-Água e foi para casa muito contente por ter aprendido como é que se faz luzir o trabalho.

Maria Alberta Menéres - 100 Histórias de todos os tempos, Porto, Ed. Asa, 2003

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pais e filhos...para ler e refletir nos tempos que correm.

Os pais têm de recuperar a autoridade perdida e deixarem de querer agradar aos filhos, ou o mundo estará perdido, afirma um dos mais famosos pediatras do mundo. Fomos saber porquê.


De Catarina Fonseca/in:  Revista ACTIVA
10 Fev. 2010

Confesso que ia um bocado amedrontada. Afinal, ia entrevistar um dos homens responsáveis por um dos maiores escândalos educativos das últimas décadas, o homem que defendera a urgência do regresso ao poder dos pais contra os todo-poderosos filhos.

Acusado de tudo, de fascista para baixo, o pediatra líbio-francês Aldo Naouri diz que os pais se demitiram do seu papel de educadores e em vez disso se dedicam a satisfazer a criança, com o único desejo de se fazerem amar. Diz que confundimos frustração com privação. Diz que transmitimos à criança que não só pode ter tudo como tem direito a tudo, içando-a ao topo do edifício familiar, onde ela nunca esteve e onde nunca deveria estar. Diz que um filho hoje não é criado para se tornar ele próprio, mas para gratificar e servir o narcisismo dos pais. Diz que estamos perante uma epidemia que encoraja os pais a seduzirem as crianças, tornando-as assim em seres obsessivos, inseguros, amorfos e emocionalmente ineptos, que não sabem gerir as suas pulsões e são incapazes de encontrar o seu lugar no mundo.

Em resumo, esperava alguém mais parecido com o Deus do Velho Testamento, que me recebesse com raios e coriscos, ou pelo menos uma praga de gafanhotos. Em vez disso, recebeu-me com um sorriso só equivalente ao sol de Lisboa, agarrou-me na mão, perguntou-me por que é que não tinha filhos e assegurou-me que os homens são todos uns egoístas. "Portanto, madame, é só escolher um! são todos iguais!"

Por entre gargalhadas, falou-se de coisas muito sérias, como aquilo que andamos a fazer às crianças. Ora leiam.

- Então, nada de democracia para as crianças?

- Não. E fundamental que estejam numa relação vertical: os pais em cima, as crianças em baixo. Porque há uma diferença entre educar e criar. Criar é dar-lhe os cuidados básicos, dar-lhe banho, alimenta-lo, etc. E como criar galinhas. Educar é haver qualquer coisa que não existe e que é preciso formar. Por isso a criança não esta nunca ao mesmo nível dos pais, não pode haver uma relação horizontal. Se quiser compreender o que se passa na cabeça de uma criança numa relação horizontal, imagine o seguinte: você esta num avião, e o comandante vem sentar-se ao seu lado. Você pergunta, Mas quem é que esta a guiar o avião? E ele diz, 'Ah, é um passageiro da primeira fila que eu pus no meu lugar. ‘ A criança tem necessidade de alguém acima dela.

- As mães não se escandalizam com a mudança de hábitos que lhes aconselha?

- Nada disso. As mães estão petrificadas na sua angustia e precisam de se libertar. Eu digo, 'mas não vale a pena angustiarem-se dessa maneira, ser mãe é muito mais simples do que vocês pensam'. Digo-lhes que não vale a pena viverem preocupadas porque a criança não come, não dorme, ou vai ter ciúmes do irmão. Dou-lhes conselhos básicos e fáceis de seguir e tento fazer com que simplifiquem a máximo as suas vidas. O que eu quero é que a criança seja para os pais uma fonte de prazer e felicidade, e não um foco de sofrimento e angustia, e para que isso aconteça, os pais têm de estar descontraídos.

- As nossas avos não viviam nessa angústia...

- Pois não. Mas viviam num mundo em que havia três tipos de ordem: Deus, Rei e pai. Esse tipo de ordem fazia com que existisse qualquer coisa que as transcendia. Hoje todo o tipo de transcendência desapareceu, e quem ficou no lugar de Deus? A criança. As mães que põem o filho nesse altar, eu simplifico a tarefa: digo - Não se cansem dessa maneira. Não se preocupem assim. Ponham-se a vocês próprias em primeiro lugar. Claro que não é uma coisa que elas estejam habituadas a fazer, ou sequer a ouvir, mas não é por isso que não podemos dizer-lhes, e não é por isso que elas vão deixar de ser capazes de o fazer. Acredito que vão ser capazes, porque é urgente: a bem das crianças, e a bem delas próprias. E preciso fazer as coisas de maneira tranquila, porque a mãe perfeita não existe, o pai perfeito não existe, a criança perfeita não existe.

- Mas as mães hoje têm uma vida tão difícil, é normal que se culpabilizem...

- Não é por trabalharem fora de casa que têm de se sentir culpadas.

Peço às mães: lembrem-se do vosso primeiro amor. Quando não o viam durante três dias, morriam de saudades. Mas quando o voltavam a ver, assim que batiam os olhos nele era como se nunca se tivessem separado. Com as crianças, é exactamente igual. Quando tornam a encontrar a mãe, é como se ela nunca tivesse partido.

- Diz que os pais esqueceram o seu papel de educadores porque querem ser amados pelas crianças. Por que é que isto acontece?

- Como todas as crianças, tiveram conflitos com os pais. E como todas as crianças, amam-nos mas guardaram muitos ressentimentos. E não querem que os seus filhos tenham esse tipo de ressentimento em relação a eles. E pensam que a melhor maneira de o fazer é seduzir a criança para que ela o ame. O que é um enorme erro. Porque nesse momento, a relação vertical inverte-se. A hierarquia fica de pernas para o ar, e quando isso acontece, destruímos a crianças.

- O problema é que as pessoas confundem autoridade com violência. Autoridade é fazer-se obedecer, não é dar uma palmada, que o senhor alias desaprova.

- Completamente! Não aprovo palmadas de que género for, nem na mão nem no rabo. Ter autoridade não é agredir a criança. Ter autoridade é dizer: 'Quero isto', e esperar ser obedecido. Quero que faças isto porque eu disse, e pronto. Autoridade é só isto, é assumir o seu dever. Não vale a pena ser violento, alias porque a criança sente a autoridade. E quando o pai ou a mãe não esta seguro do seu poder que a criança tenta ir mais longe. Quando há uma decisão que é assumida pelos pais, ela cumpre-a.

- Uma terapeuta de casal dizia que as pessoas hoje não têm falta de erotismo, dirigem-no é todo para as crianças...

- Sem duvida. E é isso que é urgente mudar. O slogan 'a criança acima de tudo' deve ser substituído por 'o casal acima de tudo'. A saúde física e psíquica das crianças fabrica-se na cama dos pais. Por que isso não acontece é que há tantos divórcios, e depois a vida torna-se muito mais complicada para a mãe, o pai e a criança. Se elas decidem privilegiar a relação de casal, estão a proteger a criança.

- Educou os seus filhos da forma que defende?

- Sim sim, eu eduquei os meus três filhos tranquilamente. A autoridade significa serenidade, não violência. Ainda hoje, que eles já são mais do que adultos, nos reunimos às vezes para jantar. E no outro dia, falamos sobre as viagens de carro que costumávamos fazer - sempre viajei muito com eles. Quando se portavam mal, eu virava-me para trás e dizia: - Olhem que eu paro o carro e deixo-vos a todos aqui na auto-estrada! - Só há pouco tempo é que percebi que eles achavam que eu estava a falar a sério e que seria capaz de os abandonar na estrada! (ri). Tal é a força da autoridade. Mas isso não tem importância, o importante é que funcionava! (ri)

- Diz que o pai tem de ser egoísta mas também diz que uma das tragédias do mundo moderno é a ausência do pai... Qual é então o papel do pai, para lá de ser egoísta?

- Tem duas funções: a primeira é a de possibilitar à mãe o exercício da sua feminilidade. A segunda é a de se oferecer ao filho ou filha como um escudo contra a invasão da mãe. Porque de outra maneira, a mãe vai tecer à volta do seu filho um útero virtual, extensível até ao infinito. O pai não esta presente como a mãe, mas é preciso que esteja presente.

- Mas hoje exige-se aos pais que façam uma data de coisas, que mudem fraldas, que ponham a arrotar, que ensinem karaté...

- Não é preciso. Porque na cabeça das crianças tudo esta muito claro: aquela que o filho ama acima de tudo é a mãe, que sempre respondeu às suas necessidades desde que estava na sua barriga. Se alguém lhe diz 'não', mesmo que seja a mãe, para ele a culpa é do pai. Ou quando muito, da não-mãe. No inconsciente de uma criança, o pai não existe. Só há a mãe. O pai tem de se construir, a bem das crianças e a bem da mãe delas.

- Antes de ler este livro não tinha consciência de que as crianças estavam tão perturbadas.

- Li um artigo recentemente do director do centro médico-pedagógico de Paris, que afirmava que em 2008 tinha recebido 394 novas famílias, e que a maior parte tinham problemas psicológicos. No fim da primária, 40% dos alunos ainda não dominam a língua, e isto é grave. E não porque tenham problemas físicos ou sejam burros: é porque não os sabemos educar. Mas é uma tarefa difícil, porque mesmo as instâncias governativas vão no sentido de seduzir a criança. Porque as crianças vendem, são um produto que se compra e se compara. Todo o mundo vai no sentido de deixar a criança fazer o que quer, porque é mais fácil que ela não cresça. Mas o que vai acontecer é que essas crianças, se não travadas, vão crescer e fabricar sociedades absolutamente abdomináveis, onde será cada um por si, onde não haverá solidariedade.

- Nem cientistas... E o senhor quem o diz...

- (ri). Apesar de tudo, estou optimista. As pessoas querem saber como podem mudar. Não sou o único a dizer estas coisas, mas digo-as de forma bruta. Tenho 40 anos de experiência com pais e crianças. E é muito fácil mudar, quando começamos a ver a lógica das coisas. Além disso, o que eu pretendo é simplificar a vida das pessoas. Não quero voltar àquilo que se fazia há um século. Não quero pais castradores.

- O que é um pai castrador?

- Não é um pai autoritário, é um pai fraco, intranquilo, desconfortável na sua pele e na sua posição. O que eu digo é, a sua posição como pai ou mãe esta assegurada à partida. Só tem de exercê-lá. Uma vez, apareceu-me uma mãe muito alarmada porque a filha não dormia. Aconselhei-a a dizer à criança, antes de dormir: 'Podes dormir tranquila. Não preciso mais de ti hoje.' E a criança dormiu a noite toda. Por isso eu digo no fim das consultas, a todas as crianças, tenham elas 1, 7 ou 14 anos, 'Muito obrigado por me teres trazido os teus pais à consulta. Agora podes ficar descansado, eu ocupo-me deles.'

O QUE DEVEMOS FAZER...

Palavra de ordem: não compliquem.

Segundo Aldo Naouri, o esterilizador de biberões não faz sentido, nem desinfectar o mamilo.

- Os biberões devem lavar-se com água quente da torneira.

- As nádegas do bebé devem ser lavadas com água e sabão.

- A roupa do bebé pode ser enfiada na máquina como o resto da roupa de casa.

- Em todas as idades, devem tomar-se as refeições familiares em conjunto.

- Um adolescente pode ir vestido da maneira que bem entender.

- Petiscar, no caso de um adolescente, não é de condenar, porque precisam de imensas calorias.

E O QUE NÃO DEVEMOS...

- Rituais antes de dormir, como a historia ou a cantiga, é para irem à vida. Só servem para ritualizar o medo da criança. Deve-se mandar a criança para o quarto, e ai ela fará o que quiser com o seu tempo.

- Angustiar-nos com as horas de sono. E absolutamente necessário livrarmo-nos da obsessão do número de horas que eles dormem.

- Nunca, em circunstância alguma, se deve obrigar uma criança a comer.

- Biberão, chupeta e objectos de transição devem desaparecer antes do fim do segundo ano da criança.

- Bater nunca: nem na mão nem no rabo.

- Elogiar, só para coisas excepcionais.

- A criança não deve escolher a sua roupa.

- Uma ordem não tem de ser explicada, tem de ser executada. A explicação que é dada ao mesmo tempo que a ordem apaga a hierarquia. Se quiser explicar, só depois da ordem cumprida. A figura parental nunca, mas nunca, tem de se justificar perante o filho.

Para ler: 'Educar os Filhos', Aldo Naouri, Livros d'Hoje

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Religiosidades...



Em tempo de reflexão... exemplos de religiosidade no Portugal profundo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Peregrinos da vida...

Mês de Maio é sinónimo de peregrinos...os de Fátima, os de Santiago de Compostela... na realidade todos nós somos peregrinos, nesta vida.
Uns com objectivos, com sonhos...outros perderam-nos algures numa curva dum caminho, esqueceram-se que o sonho é uma constante da vida...