quarta-feira, 19 de maio de 2010

Histórias antigas...

Esta é uma das que me lembro de me contarem em pequena...

Os dez anõezinhos da Tia Verde-Água
Era uma vez uma rapariga casada que se dava muito mal com o marido porque tudo na casa estava sempre desarrumado e, por mais que ela cirandasse de um lado para o outro, parecia que o tempo nunca lhe chegava para nada!


Lá em casa, a vida começou mesmo a ser insuportável, com o marido sempre a queixar-se e até a ralhar-lhe a todo o instante, e ela a andar cada vez mais triste, sem saber o que fazer à vida.

Tinha, ao lado, uma vizinha que era já velhota, mas muito simpática. Havia quem dissesse que as Fadas eram amigas dela e a ajudavam quando ela mais precisava. Chamavam-lhe a Tia Verde-Água.

Um dia foi bater-lhe à porta, e disse-lhe:

− Ai, Tia! Vossemecê é que me podia valer nesta aflição.

− Pois sim, filha! Eu tenho dez anõezinhos muito habilidosos, e mando-tos para tua casa para te ajudarem.

E a velhota explicou‑lhe o que devia fazer para os anõezinhos a ajudarem melhor: pela manhã, quando se levantasse, fizesse a cama e acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa, passasse a roupa, preparasse o que havia de cozinhar para o jantar... pois assim havia de ver como em tudo ela havia de ser muito ajudada pelos anõezinhos, sem o sentir...

A rapariga assim fez e, se bem o cumpriu, melhor lhe saiu: o marido passou a andar muito contente e ela cada vez mais feliz. A casa, essa então nem parecia a mesma, tão arrumadinha! Resolveu um dia ir agradecer à sua vizinha:

− Ai, Tia Verde-Água, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição! Agora a casa está muito arranjada, e nós estamos muito felizes. O que eu lhe pedia ainda é que mos deixasse lá ficar.

A velhinha respondeu-lhe:

− Deixo, deixo. Pois tu não viste os dez anõezinhos?

− Ainda não. O que eu mais queria era vê-los.

− Não sejas tola! Se os quiseres ver, olha para as tuas mãos. Os teus dedos é que são os dez anõezinhos!

Quando a Tia Verde-Água lhe disse isto, a rapariga percebeu o que lhe estava a acontecer, agradeceu muito à Tia Verde-Água e foi para casa muito contente por ter aprendido como é que se faz luzir o trabalho.

Maria Alberta Menéres - 100 Histórias de todos os tempos, Porto, Ed. Asa, 2003

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