quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A lógica da couve galega...

Era uma vez... não há muito tempo atrás...
Não, não é esta a história que gostaria de contar... estas partilho-as todos os dias, com o pequenote que habita cá em casa...

A história... é a história das diferenças, de como as pequenas coisas (às quais nem sempre damos a devida atenção) podem mudar a nossa vida...
Ás vezes é bom sair do nosso confortável cantinho de "para lá do sol posto", e se tivermos atentos, podemos aprender algo com isso...
Estar em Espanha... fez-me pensar (não muito, que também não é caso para tanto)...
É estranho ligar a televisão... e ouvir todas as personagens de uma série, que sabemos (e juravamos) ser americana, a falar espanhol...
É estranho ligar a televisão... ver uma senhora a apresentar o tempo previsto para a Espanha, sobre uma imagem no ecran, à qual falta um rectangulo... este rectangulo à beira mar plantado parece que afundou... caíu... simplesmente, não existe... é estranho perceber como somos (tão facilmente) ignorados... reduz-nos à nossa (real) significância...
Contudo, ao caminhar pelo país vizinho... percebemos que o que nos separa não é a geografia... se ignorarmos as placas (que em Espanha também são escassas), as praias são semelhantes, as montanhas podiam ser as mesmas...
O que nos separa é a história... e cá voltamos à estalada que o Afonso Henriques deu à mãe (por essas e por outras defendo que a educação começa no berço... neste caso, da nação)
A história separou-nos...
Pensando bem... não sei se queria ser espanhola...
Passar o dia a comer tapas e bocadilhos... que seria de mim... sem os rojões ? sem o cozido à portuguesa ? sem uma sericaia...
Não sei se teria vontade de sair do trabalho, vestir um cinto largo (a que também se chama saia) umas leggins...ir para os bares beber cerveja (logo eu... abstémia de gema) e petiscar batatas fritas (ainda por cima de pacote), jantar às dez da noite e no outro dia, ter vontade de me levantar, ir trabalhar... e repetir todo o ritual... (só de pensar, já me sinto cansada...)
É na contradição deste ritual... que entronca a malga...
Depois de bocadilhos, bolachas, e toda a espécie de pecados alimentares... fomos seduzidas por um anúncio "Caldo Galego"... hummmm... o anuncio não estava a neón, mas... a fome que nos consumia há 3 dias... fez-nos parecer que sim... mais grave... tirou-nos a lógica...
Pensamos "Caldo Galego"... a couve galega faz o caldo verde... logo... "Caldo Galego"= Caldo Verde... nham, nham... disposemo-nos a pagar os 10 euros que tão sabiamente guardávamos para coisas mais importantes...
Errado... caldo galego... são uns farrapos de couve branca, mergulhados numa água de cozer os restos do presunto rançoso que sobra das tapas...
Adiante...
A tarde foi passada a chupar pastilhas para a garganta... só para tirar o sabor a ranço da boca !
Enfim... a estalada do filho na mãe, não só alterou o rumo da história, fez o rectângulo afundar (literalmente...), mas... também, alterou a lógica da couve galega.

2 comentários:

  1. Eu sabia...:-)
    Na realidade ela estava apenas a tentar digerir o presunto que ainda lhe corroi a garganta! Daí a demora na resposta à fotografia!!!!

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